A Ponte das Cabras, na língua local Kozja Ćuprija, fica um pouco afastada da cidade, mas foi a primeira das pontes sobre o rio Miljacka, que atravessa Sarajevo.

Há várias formas de lá chegar. De carro, dando-se uma certa volta, ou a pé, por Bembaša, usando o relativamente recente passeio criado a partir do centro da cidade, a Avenida dos Embaixadores. Se optar por esta hipótese, percorrerá uns muito agradáveis 3 km para cada lado.

A ponte tem um arco apenas, e é construída em pedra de mármore branco. Respira História. Sabemos que foi construída no século XVI, pelos Otomanos. Tornou-se rapidamente vital nas ligações entre Sarajevo, a actual Sérvia, a Macedónia e mesmo a capital do império, Istambul.  E assim se manteve até ao século XIX.

Quem a veja hoje nunca poderia imaginar… está ali, quase esquecida, isolada, afastada da cidade, sem ligações condignas por estrada… e contudo, em tempos, foi a peça fundamental no trânsito da região.

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Contudo, apesar da sua importância, nunca em seu redor surgiram casas ou hospedarias. Não existem registos na cultura local: nada de canções, representações gráficas, pinturas. Nem se conseguiu apurar o nome do seu construtor. É um imenso vazio de fontes historiográficas que não permite estabelecer muito sobre a ponte e o seu passado.

E quando isso sucede, há que recorrer à tradição oral, ao universo das lendas. E assim, aqui vai uma curiosa história: era uma vez um pobre pastor chamado Meho que por aquelas paragens pastoreava o seu rebanho. Ora um dia, quando estava com os seus animais junto ao local onde hoje se encontra a ponte, reparou que as cabras rodeavam uns arbustos com especial interesse. Curioso, aproximou-se, e descobriu ali um pote repleto de moedas de ouro. Com o pequeno tesouro Meho investiu na sua educação, estudou na universidade e tornou-se um homem culto. Para agradecer a sua boa sorte, Meho decidiu mandar construir a ponte que hoje podemos observar, dando-lhe o nome que tem em honra às suas cabras que lhe indicaram o pote do tesouro.

Existe quem defenda a teoria de que a ponte foi construída por Mehmed-pasha Sokolovic, grã-vizir do Império Otomano entre 1565 e 1579, o que se baseia nos traços comuns entre a Ponte das Cabras e outras, do mesmo tipo, construídas nesse período.

O que é certo é que o local da ponte foi muito bem escolhido. As fundações assentam em duas rochas, uma de cada lado do rio, o que é ideal para o comprimento (17,5 m) da ponte.

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Hoje em dia não tem qualquer importância do ponto de vista da rede viária. Mas socialmente é um ponto muito procurado pelos habitantes locais, especialmente nos dias agradáveis de Verão e de Primavera. Partindo do centro da cidade as pessoas percorrem, a pé ou de bicicleta, a Avenida dos Embaixadores, parando junto à Ponte das Cabras para descansar um pouco.

Lá em baixo, junto à água, há homens que pescam, jovens casais a namorar, famílias que preparam o seu churrasco. Pode-se prosseguir o passeio, mas a maioria das pessoas toma a ponte como a meta a atingir.

Se atravessar a ponte e seguir a estrada que curva à direita, logo encontrará uma abertura no mato que conduz a uma plataforma rochosa que é ideal para a recolha de imagens da ponte numa perspectiva geral.

Toda a área é especialmente bonita no Outono, quando as árvores se pinta, com as cores quentes das folhas prestes a cair, e o chão tem já um tapete de tons vermelhos, laranjas e castanhos.

 

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Conheci a Bósnia-Herzegovina e o Montenegro em 2011, apesar de já ter ouvido muito sobre o país através do meu vizinho e amigo Vedo. Desde então regressei várias vezes, apaixonado pelo tom misterioso de um país que será talvez o menos visitado da Europa. Acabei por ser convidado pela The Wanderlust para organizar expedições à Bósnia e Herzegovina e Montenegro, tornando-me, por assim dizer, um profissional de viagem à Bósnia e Herzegovina.

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